domingo, 10 de agosto de 2014

Quais as perspectivas para a economia mundial? EUA e Ásia

Recentemente, a economia global começou
a mostrar sinais de recuperação, e é esperado que o
crescimento comece a ser retomado a partir do
segundo semestre de 2009. A intensidade com que a
crise atingiu os diversos países foi diferente,
variando de acordo com o espaço existente para
políticas econômicas, incentivos, saúde do sistema
financeiro, grau de dependência externa, entre outros
fatores. Neste contexto, será dada uma visão geral de
quais foram as principais medidas adotadas pelas
diferentes economias no sentido de combater a crise
e quais as suas perspectivas para os próximos anos,
começando pelos Estados Unidos e Ásia.
A economia americana foi severamente
atingida pela atual crise financeira. Contudo, fortes
intervenções fiscais, monetárias e financeiras
ajudam a estabilizar os gastos dos consumidores e os
mercados financeiros, apontando para um
crescimento moderado na segunda metade do ano.

Os dados do PIB, apresentados pelo Fundo
Monetário Internacional (FMI), confirmam que a
economia americana está se estabilizando. A
estimativa preliminar do PIB real para o segundo
trimestre foi de um declínio de 1% – uma melhora
significativa comparada aos 6,4% de queda
observados no primeiro trimestre. Cabe destacar que
a queda nas exportações tem colaborado para o
resultado negativo nos últimos trimestres, mas tem
sido mais que compensada pela retração nas
importações. Ainda, contribuições positivas foram
feitas pelos gastos federais, refletindo o impacto do
estímulo fiscal. A perspectiva é que a economia
americana se contraia em 2,7% em 2009, o que se
deve principalmente à acentuada queda durante a
primeira metade do ano. O desemprego está previsto
para próximo de 10% na segunda metade de 2010.
Contudo, dada a natureza mais flexível do mercado
de trabalho nos EUA é esperado que as realocações
necessárias de emprego e do capital possam ser
feitas com rapidez e baixos custos.
A força e a sustentabilidade da recuperação
da economia norte-americana está atrelada a três
desafios-chave: (i) continuidade da estabilização dos
sistemas financeiros e econômicos; (ii) retirada do
suporte público no momento apropriado – apesar
deste ponto permanecer bem no futuro, a
comunicação antecipada de uma estratégia clara é a
chave para manter a confiança do mercado; e (iii)
dividir os custos dos desequilíbrios de longo prazo
adequadamente entre as famílias, setor público e
financeiro.
As economias asiáticas mais atingidas pela
desaceleração global foram as voltadas para
exportação. Apesar do acentuado impacto sentido
pela região, a perspectiva econômica melhorou
acentuadamente durante o primeiro semestre de 2009.
No Japão o PIB encolheu mais de 10% nos
dois trimestres subseqüentes à quebra do Lehman
Brothers. Em outras partes da Ásia, as economias
voltadas para manufatura (Coréia, Cingapura, Taiwan)
também apresentaram queda no produto. Somente
China, Indonésia e Índia escaparam de uma severa
recessão, resultado de uma forte política de incentivos
e, no caso da Índia, menor dependência das
exportações.
Estudos realizados pelo FMI, apontam para
uma recuperação liderada pela China, guiada
majoritariamente pela demanda doméstica. No Japão,
a recuperação tende a ser mais gradual, a produção
industrial começou a apresentar sinais de crescimento
em março, seguida pelas vendas no varejo, em abril.
Outros países asiáticos emergentes mostraram sinais
de estabilização, com aumento da produção industrial
em Hong Kong, Índia, Coréia, Taiwan e Tailândia.
Cabe destacar que a saúde do setor bancário na região
limitou o impacto da crise financeira. A intensa
recuperação da Ásia está ligada a três fatores: (i)
políticas fiscais e monetárias expansionistas; (ii)
recuperação do mercado financeiro e dos fluxos de
capital, que facilitam as restrições de financiamento
para pequenas empresas exportadoras e melhora a
confiança das empresas; (iii) o impulso de
crescimento da indústria, seguida de grandes
ajustamentos de estoque.
As projeções de base para 2009 mostram que
China e Índia conduzirão a expansão deste ano,
crescendo à taxas de 8,5% e 5,4%, respectivamente.
Por outro lado, é esperado que a atividade no Japão se
contraia em cerca de 5,4%. Nas economias conhecidas
como NIE’s (Newly Industrialized Asian Economies –
Coréia, Taiwan, Hong Kong, Cingapura), a tendência
é que o produto seja reduzido em cerca de 2,5%, mas
que a aceleração da segunda metade do ano crie
alicerces para um moderado crescimento em 2010
(3,6%). Para as economias ASEAN-5 (Indonésia,
Tailândia, Filipinas, Malásia e Vietnã), a atividade irá
aumentar gradualmente durante a segunda metade de
2009, resultando em um crescimento anual de 0,7%,
com forte expansão em 2010 (4%).
Apesar desses sinais positivos, a recuperação
sustentada não está garantida. Mercados de trabalho
enfraquecidos colocam um peso sobre o consumo, e o
excesso de capacidade da indústria amortecerá os
investimentos. Além do mais, o principal motor de
recuperações passadas – melhora permanente na
demanda externa de fora da região – pode faltar dessa
vez.

Fonte: IMF.Country and Regional Perspectives.WEO. Chapter 2-oct 2009.

Publicado no Informe Econômico 05/outubro/2009

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