A
divulgação, na semana passada, dos dados de fechamento do PIB do Brasil em 2013
coloca em perspectiva o melhor adjetivo a utilizar. Para alguns, o resultado de
2,3% pode se interpretado como PIBinho, também havendo aqueles que acreditam em
um número mais bem relacionado com PIB e os otimistas, que preferem o PIBão.
Porque PIBinho? Pelo fato de,
comparativamente ao mundo, com expansão de 2,4% e também em relação aos nossos
pares, crescemos pouco. A média dos países em desenvolvimento foi de 4,8% e
regionalmente também decepcionamos, uma vez que na Europa emergente o resultado
é de 3,4% e na América Latina e Caribe de 2,4%. Além disso, é um resultado
insuficiente para resolver nossas necessidades sociais. Porque seria PIB? Pelo fato de que o nosso resultado de 2013
está dentro da nossa capacidade histórica. Entre 1997-2013, acreditando que
ainda estamos sob o regime do Plano Real, o país cresceu 2,9% ao ano. Portanto,
apesar de 2,3% estar um pouco abaixo dessa média histórica, ainda é um
resultado mais em linha com nossa realidade. Por fim, há quem defenda o PIBão?
Talvez sim, principalmente em Brasília. Desculpe, torturei bastante os dados,
mas infelizmente não consigo achar subsídios para sustentar esse adjetivo. Talvez se compararmos com o resultado pífio
de 2012, que foi de 1%, ou com o de 2009 de –0,3%. Ah, também é um PIBão
relativamente ao desempenho de 0,7% na Venezuela no ano passado.
E 2014? Diante do cenário
passado, o que esperar para esse ano? Dá para apostar no impacto das
exportações para aquecer a economia com o câmbio desvalorizado e maior
crescimento internacional? O investimento irá “bombar” em ano de copa? O
consumo das famílias irá sustentar o desempenho do PIB? As eleições ajudam?
A resposta seria, nessa ordem,
mais ou menos, não, não e sim. Não necessariamente o câmbio favorável
representa crescimento. De 2007 até o
ano passado a chamada “demanda externa” que é a diferença entre exportações e
importações, contribuiu positivamente para o PIB apenas em 2012. Em todos os
demais anos foi negativo, isso porque o que conta não é o valor, e sim a
quantidade. E as importações cresceram, até então, mais que as exportações.
Acreditar que um câmbio favorável irá nos impulsionar prescinde de combinar com
nossos adversários. O mundo vai comprar mais Brasil? Além disso, devemos
acreditar que as exportações crescem mais que as importações. Não se esqueça
que quase a metade do que importamos é matéria-prima. Sobre o investimento,
bem, o que tinha que ser feito, já foi, resta apenas apertar a mão dos turistas.
O terceiro elemento, o consumo das famílias, está desacelerando. De 7% em 2010
para 2,3% no ano passado e, com endividamento elevado, inflação maior e juros
em ascensão, é difícil apostar em crescimento forte. Por fim restam as
eleições. O passado mostra que os gastos públicos crescem mais em ano de
eleição presidencial. Porque dessa vez seria diferente? Como o Governo pesa 22%
do PIB (mais que os investimentos), crescer 3% representará 0,6% no PIB. Para
mim o importante não é o adjetivo usado para classificar o PIB, mas como o
mesmo é composto. Ah sim, podemos dizer que os 2,5% de 2014 estejam mais em
linha com o termo PIB.
Publicado
em março de 2014
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