terça-feira, 12 de agosto de 2014

PIBinho, PIB, PIBão!

           A divulgação, na semana passada, dos dados de fechamento do PIB do Brasil em 2013 coloca em perspectiva o melhor adjetivo a utilizar. Para alguns, o resultado de 2,3% pode se interpretado como PIBinho, também havendo aqueles que acreditam em um número mais bem relacionado com PIB e os otimistas, que preferem o PIBão.
               Porque PIBinho? Pelo fato de, comparativamente ao mundo, com expansão de 2,4% e também em relação aos nossos pares, crescemos pouco. A média dos países em desenvolvimento foi de 4,8% e regionalmente também decepcionamos, uma vez que na Europa emergente o resultado é de 3,4% e na América Latina e Caribe de 2,4%. Além disso, é um resultado insuficiente para resolver nossas necessidades sociais. Porque seria PIB?  Pelo fato de que o nosso resultado de 2013 está dentro da nossa capacidade histórica. Entre 1997-2013, acreditando que ainda estamos sob o regime do Plano Real, o país cresceu 2,9% ao ano. Portanto, apesar de 2,3% estar um pouco abaixo dessa média histórica, ainda é um resultado mais em linha com nossa realidade. Por fim, há quem defenda o PIBão? Talvez sim, principalmente em Brasília. Desculpe, torturei bastante os dados, mas infelizmente não consigo achar subsídios para sustentar esse adjetivo.  Talvez se compararmos com o resultado pífio de 2012, que foi de 1%, ou com o de 2009 de –0,3%. Ah, também é um PIBão relativamente ao desempenho de 0,7% na Venezuela no ano passado.

                E 2014? Diante do cenário passado, o que esperar para esse ano? Dá para apostar no impacto das exportações para aquecer a economia com o câmbio desvalorizado e maior crescimento internacional? O investimento irá “bombar” em ano de copa? O consumo das famílias irá sustentar o desempenho do PIB? As eleições ajudam?
                A resposta seria, nessa ordem, mais ou menos, não, não e sim. Não necessariamente o câmbio favorável representa crescimento.  De 2007 até o ano passado a chamada “demanda externa” que é a diferença entre exportações e importações, contribuiu positivamente para o PIB apenas em 2012. Em todos os demais anos foi negativo, isso porque o que conta não é o valor, e sim a quantidade. E as importações cresceram, até então, mais que as exportações. Acreditar que um câmbio favorável irá nos impulsionar prescinde de combinar com nossos adversários. O mundo vai comprar mais Brasil? Além disso, devemos acreditar que as exportações crescem mais que as importações. Não se esqueça que quase a metade do que importamos é matéria-prima. Sobre o investimento, bem, o que tinha que ser feito, já foi, resta apenas apertar a mão dos turistas. O terceiro elemento, o consumo das famílias, está desacelerando. De 7% em 2010 para 2,3% no ano passado e, com endividamento elevado, inflação maior e juros em ascensão, é difícil apostar em crescimento forte. Por fim restam as eleições. O passado mostra que os gastos públicos crescem mais em ano de eleição presidencial. Porque dessa vez seria diferente? Como o Governo pesa 22% do PIB (mais que os investimentos), crescer 3% representará 0,6% no PIB. Para mim o importante não é o adjetivo usado para classificar o PIB, mas como o mesmo é composto. Ah sim, podemos dizer que os 2,5% de 2014 estejam mais em linha com o termo PIB.


Publicado em março de 2014

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