terça-feira, 12 de agosto de 2014

O cenário econômico não está bom

         O cenário macroeconômico prospectivo para a economia brasileira em muito será influenciado pelos resultados de indicadores de fechamento do terceiro trimestre que estão em fase de divulgação. Nesse caso, o mais recente e que serve muito mais para traçar um comportamento cíclico do que em termos de magnitude, é o comportamento da indústria.
        O terceiro trimestre de 2013 se encerra com –1,41% sobre o segundo trimestre, e é o pior resultado desde o último trimestre de 2011, quando a queda foi de 1,69%. A despeito do número negativo, a avaliação em 12 meses ainda mostra um avanço da indústria  em 1,1%, como pode ser visto no gráfico, e deixa  claro que o novo ciclo, iniciado nesse ano, é de retomada.

      Dois pontos emergem dessa avaliação. O primeiro é sobre a magnitude dessa recuperação e, o segundo, em que bases a mesma ocorre. No primeiro caso, devemos ter em mente que não há condições internas e externas que permitam imaginar que esse novo ciclo se estenda por vários meses e tenha a mesma magnitude do verificado no período pós crise do final de 2008, quando o setor chegou a crescer quase 12%.  Sendo assim, é natural imaginar que mesmo diante de uma recuperação estatística que se desenha para os próximos meses, a indústria deve enfrentar diversos desafios e que devem, de certa forma, abreviar esse ciclo.
          E é aqui que entra o segundo ponto. As bases em que essa recuperação ocorre é de um cenário de juro básico mais elevado, com perspectiva de perdurar pelos próximos seis meses, o que irá, com certeza, inibir a decisão de investimento. Além disso, o salário real ainda está em expansão, o que encarece a produção sem que se tenha a contrapartida da produtividade e também reduz a competitividade externa e, de quebra, fomenta mais ainda a inflação. Por fim, não poderia deixar de falar das eternas dificuldades logísticas, que não são resolvidas no curto prazo.
          Isso posto parece clara a recuperação da economia brasileira ao longo dos próximos meses. Mas isso deve se dar muito mais por um efeito estatístico do que uma mudança estrutural e o mesmo deve ocorrer em uma magnitude menor do que a verificada no passado recente. Estamos convergindo para nossa média de crescimento de longo prazo, os eternos 2,5% ao ano.


 Publicado em outubro de 2013

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