O
cenário macroeconômico prospectivo para a economia brasileira em muito será
influenciado pelos resultados de indicadores de fechamento do terceiro
trimestre que estão em fase de divulgação. Nesse caso, o mais recente e que
serve muito mais para traçar um comportamento cíclico do que em termos de
magnitude, é o comportamento da indústria.
O
terceiro trimestre de 2013 se encerra com –1,41% sobre o segundo trimestre, e é
o pior resultado desde o último trimestre de 2011, quando a queda foi de 1,69%. A
despeito do número negativo, a avaliação em 12 meses ainda mostra um avanço da
indústria em 1,1%, como pode ser visto
no gráfico, e deixa claro que o novo
ciclo, iniciado nesse ano, é de retomada.
Dois
pontos emergem dessa avaliação. O primeiro é sobre a magnitude dessa
recuperação e, o segundo, em que bases a mesma ocorre. No primeiro caso,
devemos ter em mente que não há condições internas e externas que permitam
imaginar que esse novo ciclo se estenda por vários meses e tenha a mesma
magnitude do verificado no período pós crise do final de 2008, quando o setor
chegou a crescer quase 12%. Sendo assim,
é natural imaginar que mesmo diante de uma recuperação estatística que se
desenha para os próximos meses, a indústria deve enfrentar diversos desafios e
que devem, de certa forma, abreviar esse ciclo.
E é
aqui que entra o segundo ponto. As bases em que essa recuperação ocorre é de um
cenário de juro básico mais elevado, com perspectiva de perdurar pelos próximos
seis meses, o que irá, com certeza, inibir a decisão de investimento. Além
disso, o salário real ainda está em expansão, o que encarece a produção sem que
se tenha a contrapartida da produtividade e também reduz a competitividade
externa e, de quebra, fomenta mais ainda a inflação. Por fim, não poderia
deixar de falar das eternas dificuldades logísticas, que não são resolvidas no
curto prazo.
Isso
posto parece clara a recuperação da economia brasileira ao longo dos próximos
meses. Mas isso deve se dar muito mais por um efeito estatístico do que uma
mudança estrutural e o mesmo deve ocorrer em uma magnitude menor do que a
verificada no passado recente. Estamos convergindo para nossa média de
crescimento de longo prazo, os eternos 2,5% ao ano.
Publicado em outubro de 2013
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