Um dos
vetores mais importantes do modelo de crescimento da economia brasileira nos
últimos quatro anos foi o crédito, tanto para empresas quanto para famílias.
Porém, de uma expansão de 24% em 2009 registrou, no mês de setembro,
crescimento de 9,6% acumulado em 12 meses. À primeira vista o número pode
parecer robusto, ainda mais se comparado com o desempenho das vendas do
comércio, que crescem 5,1%, e se mostram com tendência de queda, e também da
indústria, que praticamente se estabilizou em uma taxa de 1,1% para o mesmo
período.
Nesse sentido, o que explica
ainda verificarmos expansão do crédito e a economia não produzir o efeito
desejado? A resposta está na sua composição. A engenharia desse sistema no
Brasil envolve, de um lado, o crédito direcionado, onde estão tanto as
aplicações do BNDES, que desde 2010 já aumentou sua carteira em R$ 165 bilhões,
quanto as operações feitas por bancos públicos e privados ao setor rural e
habitacional (esse com acréscimo de R$ 247 bilhões desde 2010) e, de outro, o crédito
livre, onde a instituição financeira escolhe se quer realmente destinar
crédito, para onde e a qual taxa e prazo.
Essa
diferença de conceito é importante, pois, estando a instituição livre para
emprestar, ela só o irá fazer se perceber condições favoráveis no mercado.
E
o que se vê é um comportamento completamente distinto entre os dois tipos, com
o direcionado crescendo 17% em 12 meses e o livre apenas 4,9%. O que explica o
bom desempenho do primeiro são, principalmente, os financiamentos imobiliários
a pessoas físicas e a ação do BNDES. Já no segundo, o resultado menor é
explicado pelo crédito para pessoas físicas com um detalhe, persistindo uma
grande diferença de ação entre os bancos públicos, que aumentam em 24% o total
de crédito para pessoas físicas em 12 meses, da ação dos bancos privados, onde
se verifica uma queda nesse crédito de 3,5% para o mesmo período.
Como
pode ser visto, a despeito do crescimento ainda forte do crédito total no
Brasil e sua importância como motor da economia, a sua composição recente deixa
claro que se desenha uma dinâmica diferente do passado recente. Além das
implicações sobre a política monetária, é natural esperar impactos sobre o
atividade produtiva em 2014.
Publicado
em outubro de 2013
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