A taxa
de câmbio continuou a ser uma das variáveis mais importantes no acompanhamento
do cenário econômico brasileiro durante o mês de setembro. A despeito do forte
recuo da cotação, de R$/US$ 2,39 para R$/US$ 2,20, na esteira das ações do Banco
Central do Brasil e da dissipação com as incertezas sobre a mudança de política
monetária nos Estados Unidos, o fato é que, do ponto de vista estrutural, ainda
persistem desequilíbrios importantes, e que pode resultar em volatilidade nos
meses seguintes.
Um desses desequilíbrios pode
ser visualizado nos dados do Balanço de Pagamentos onde o déficit em conta
corrente, a diferença entre o que enviamos do que captamos de dólares com o
exterior pela via comercial e de serviços, continuou a dar sinais de deterioração.
No acumulado dos oito primeiros meses do ano atingiu os 4% do PIB, US$ 58
bilhões, contra 2,1% verificados para o mesmo período de 2012, um nível
considerado elevado, mesmo para os nossos padrões históricos brasileiros.
Vale destacar que não é a
existência do déficit em si que preocupa isso porque é natural verificar o
mesmo em países emergentes. Além disso, as reservas são elevadas, cerca de US$
367 bilhões, e o fluxo dos Investimentos Diretos continua a financiar parte
significativa desse, foram US$ 43,8 bilhões entre janeiro e agosto de 2013, um
pouco abaixo dos US$ 45,9 bilhões no mesmo período de 2012. O problema está em
sua magnitude e composição.
Como se sabe, mesmo com
desvalorização da moeda, um elemento que pode contribuir para reduzir esse
resultado deficitário, esse impacto ocorre de forma lenta. Reduzir o déficit em
conta corrente para patamares ao redor de 2% a 3% do PIB ainda irá consumir
pouco mais de um ano, e demandará esforços seja pela via de exportação ou
importação. No primeiro caso dependemos de como se comporta a economia dos
países que compram produtos brasileiros e, no segundo, o ajuste é um pouco mais
complicado, uma vez que boa parte das importações é de matéria-prima e de bens
de capital.
Até lá, é muito importante
manter a sinalização positiva a investidores estrangeiros para que o fluxo de
capitais permita que o país faça um ajuste suave das contas externas. É nesse
ponto que programas como o de concessões para investimentos em projetos de
infraestrutura devem ser bem desenhados.
O
movimento recente da taxa de câmbio reflete, dentre outros aspectos de
incerteza de investidores, elementos estruturais importantes de desequilíbrio
macroeconômico.
Publicado em setembro de 2013
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