A
dificuldade que temos para crescer de forma continuada e estável está
relacionada à baixa produtividade da economia. Em alguns setores essa
deficiência se manifesta de forma mais cruel, como é o caso do setor
industrial, muito exposto à concorrência externa. Mas também podemos ver
diversas outras ineficiências e que impactam desde a empresa que nos atende no
estacionamento, nos serviços de restaurante e até nas transações na internet. O
que não faltam são exemplos de baixa
produtividade, em especial do fator mão-de-obra.
Na
maioria das vezes podemos superar as dificuldades com uma educação mais rígida
e a imposição de meritocracia. Mas, por maior que seja o esforço do lado de cá,
iremos esbarrar em um muro que consome recursos e energia e, pelo visto, tende
a piorar com o tempo. Falo exatamente da enorme presença do Estado nas nossas
vidas.
Os números assustam, mesmo que
essa análise seja ponderada pelo aspecto cultural, onde a todo momento se vê
demanda por algo gratuito e fornecido pelo Estado. Parece que o Brasileiro quer sempre o Estado.
Algo interessante e ambíguo com a declaração de que não se quer pagar imposto.
Vamos aos dados.
Consegue imaginar quantas
pessoas recebem uma renda diretamente do Estado todo mês? Pois bem, por partes
e arredondando: 31 milhões do INSS, 14 milhões do bolsa família, 6,2 milhões de
funcionários dos municípios, 3,1 milhões dos que trabalham nos Estados, 2,2
milhões na União, 540 mil em empresas estatais federais e 45 mil de bolsa
estudo. Total de 57,6 milhões de pessoas. Sim, me esqueci dos presos, dos
aposentados da União, Estados e municípios e certamente de mais um monte de
bolsa alguma coisa (sabia que existe o bolsa atleta no Ministério dos
Esportes?). Também falta nessa conta os cerca de 5 milhões de pessoas que
recebem por ano R$ 45 bilhões em seguro desemprego. Uma aberração em um país
com taxa de desemprego nas mínimas há tempos.
Sabe
quanto essa turma consome por ano? Somente R$ 994 bilhões., dinheiro que não é
conseguido na Casa da Moeda. Mas a conta é mais problemática do que parece. A
média de pessoas por família no Brasil, pelos dados do IBGE, é de 3,2. Com
isso, o Estado está presente na vida de mais de 150 milhões de pessoas no
Brasil. Ou é você que está lendo esse texto, ou tua mulher, teu filho, ou teu
vizinho que está ligado no Estado.
Acha muito? Pois bem, no setor
financeiro a presença do Estado já é maior que o setor privado. No estoque
total de crédito na economia os bancos públicos representam 51,9% do total.
Fundos de pensão públicos e BNDES juntos já estão em mais de 200 empresas e nem
os clubes de futebol escapam do dinheiro público. Dos 20 da série A, nove
recebem dinheiro de empresas públicas. Algumas escolhas se desenham para a
nossa sociedade e é importante definir até que ponto queremos tamanha presença
do Estado. Não se esqueça que “não há almoço grátis”, e não vejo nas
estatísticas mundiais nenhum país emergente com tamanha presença do Leviatã.
Mais que um problema econômico, parece que o Brasil de hoje tem um enorme
desafio cultural, reduzir essa dependência.
Publicado
em junho de 2014
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