A
produtividade é uma variável chave para a economia, seja do ponto de vista de
implicações no curto prazo ou no longo prazo. No primeiro caso, por exemplo, é
determinante para evitar que o crescimento econômico resulte em pressões
inflacionárias. Por outro lado, no longo prazo, o aumento da produtividade
garante a melhora no padrão de vida da população, resulta em aumento do salário
real e em aumento da competitividade das empresas locais. Sendo assim, podemos
afirmar que a riqueza de uma nação está diretamente relacionada à sua
capacidade de ser produtiva. Além do mais, a produtividade é um elemento chave
para a determinação do desenvolvimento econômico.
Porém, muito
mais do que um simples número, a medida de produtividade representa tanto um
resultado individual quanto uma relação entre diversas variáveis econômicas. De
uma forma geral, há basicamente três componentes que devem ser analisados para
se compreender a produtividade: a qualidade do trabalhador – ou seja, quanto
mais treinado, experiente ou educado for a mão-de-obra de um país ou empresa,
mais produtivo ele será; a disponibilidade de máquinas e ferramentas –
significa que quanto mais eficiente for o equipamento disponível e mais
tecnologia tiver incorporada, mais produtivo poderá ser a empresa ou um país;
e, por fim, a produtividade total dos fatores (TFP), ou seja, o efeito que a
melhora no ambiente institucional, a redução da burocracia, do processo de
comercialização de produtos e o uso eficiente dos recursos têm sobre a
economia, tornando-a mais produtiva.
Assim, em
outras palavras, se queremos tornar um país mais produtivo, devemos ter
trabalhadores mais eficientes, educados e treinados, melhores máquinas, uma boa
organização para o ambiente de negócios e, fundamentalmente, que seja possível
alocar de forma eficiente esses recursos para as empresas. Durante a década de
1990, período no qual a economia americana experimentou o seu maior ciclo de crescimento
do PIB, os investimentos em bens de capital (máquinas e equipamentos), e o uso
de novas tecnologias, constituíram as bases do aumento da produtividade nas
empresas. Porém, a partir de 2003, a maior contribuição para o crescimento da
produtividade no país deixou de ser o investimento em bens de capital, e muito
menos foi a melhora na qualidade da mão-de-obra, fator esse que já apresenta um
elevado nível nos EUA. Tal fonte de produtividade esteve centrada na redução
dos entraves para que as empresas tivessem acesso às novas tecnologias que
foram desenvolvidas durante a década passada.
Ou seja, a
economia americana, que já dispunha de capital humano treinado e uma oferta de
máquinas e equipamentos de alta tecnologia, passou a tirar proveito desses recursos
a partir do terceiro elo dessa cadeia: a criação de um ambiente de negócios que
facilitasse o acesso e incorporação dessa tecnologia nas empresas. Novos
métodos de gestão, controle e logística, permitiram ganhos de produtividade
substanciais para as empresas, mesmo em um ambiente em que o custo do trabalho
se mantém elevado em termos relativos, característica comum de países
desenvolvidos.
Ressalta-se
que foi justamente o “boom” de
investimentos em telecomunicações que ocorreu no período pré 2001, quando
estourou a bolha das ações de tecnologia no país, o fator de alicerce para esse
desenvolvimento. Os elevados investimentos em fibra ótica e em novos aparelhos
de telecomunicação e softwares, permitiram a redução dos custos de comunicação
e de aquisição dessa tecnologia. Os exemplos de sua utilização são diversos. As
companhias de aviação incorporaram os serviços de check-in eletrônico ao estilo “self-service”,
e obtiveram ganhos elevados de produtividade no atendimento aos clientes. As
empresas de transportes incorporaram a tecnologia do GPS e dos telefones “wireless” para melhorar a eficiência
logística, controlando, em tempo real, suas frotas. Como resultado, tem-se o
barateamento dos custos de transporte. As lojas de departamento investiram no
controle de estoque eletrônico, reduzindo custos operacionais e erros
contábeis.
Um outro
aspecto importante a destacar, nesse cenário é o tempo necessário para que
esses fatores ocorram. Há três etapas a serem vencidas. Primeiro tem-se o
período de pesquisa, experimentos e testes. A seguir, o processo de
comercialização, que ocorre, em sua grande maioria, num período não menor do
que uma década. Por fim, há o momento em que essa tecnologia passa a ser
difundida, ou seja, torna-se acessível para a grande maioria das empresas. Nos
EUA, foram necessários 56 anos entre o momento de invenção e difusão do
telefone mas, apenas 14 anos para o telefone móvel.
A magnitude e a velocidade
em que o desenvolvimento tecnológico tem ocorrido no mundo, pode ser um aliado
ou não, de países em desenvolvimento. Nesse cenário, é muito importante que o
governo contribua para que as empresas tenham acesso a essas novas tecnologias,
criando um ambiente propício aos negócios.
Publicado no Informe Econômico/FIERGS
21/08/2006
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